CONTO DA INDEPENDÊNCIA _ Liberdade ou morte! -- gritei bem alto no cruzamento da Afonso Pena com a Brasil. Ninguém ligou. Continuaram todos andando a passos mediocres. Acredito que as palavras se gastam com o tempo. Assim como tudo que eu já vi no mundo. Uma camisa perde suas fibras com o passar dos anos, deixando o dono nu. As palavras perdem seu sinficado com o uso, deixando o interlocutor com cara de otário. Desci de meu banquinho, palanque improvisado, e subi a Afonso Pena. Quando encontrei a contorno já estava cansado de subir. Portanto, desci o tobogã. No caminho encontrei um bar chamado Stadt Jever. Nome de time de futebol, pensei. Pedi ao garçom um submarino que, para minha decepção, era um chopp recheado com um copinho cheio de merda transparente dentro. Tomei em um só gole. - Ninguém consegue beber 500ml de chopp em um só gole! -- disse quem não acredita nas coisas. - Eu consigo e fiz! Para provar que eu fiz, estou contando! -- respondi entusiasmado. Eis que materializa-se em minha frente uma figura femina de aparência frágil e sedutora. Exerci meu direito brasileiro de só pagar quando dá. Sai voando pela janela de mãos dadas com aquela. Voamos alto até o céu. Ela se deitou numa nuvem branca e desejou o amor dos anjos. Eu mergulhei de cabeça usando nada além de chifres e um rabo pontudo. Fizemos o sexo do capeta atrás das nuvens para papai não ver. Acordei espetado por um cacetete de policial que não gostava de me ver feliz. Levantei. O céu azul era muito bonito, mas o sol queimava minha pele. Olhei para trás e percebi que aquela estatua com a corda no pescoço não prestava nem para sombra. Mesmo assim fui eu quem xingaram: - Levanta do chão vagabundo que esse é lugar de gente séria pisar!